Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Tecnologia e Gestão
Engenharia Informática

O que é Programação


1. Computadores, sistemas operativos e programas

Os programas de computador que iremos fazer são executados em computadores. Até aí tudo bem. No entanto, a verdade toda (bem, quase toda) é que é preciso mais do que um computador (o chamado hardware) para se conseguir criar e executar um programa. O que é preciso costuma apresentar-se por níveis, em que o nível inferior serve de suporte ao que lhe está por cima. Um primeiro esquema simples é:
Programas   (processadores de texto, jogos, folha de cálculo, etc.)
Computador (a caixa (e o que está dentro!) )
A tal verdade mais completa é outra: existe mais um nível entre o computador e os programas (também chamados aplicações porque aplicam o computador a algo). Esse nível corresponde a um tipo especial de programa chamado sistema operativo. O mais conhecido actualmente é provavelmente o Microsoft Windows nas suas várias versões (95, 98, NT, 2000, XP, etc.), mas existem muito mais sistemas operativos. Para computadores pessoais (sim há outros computadores que não são “pessoais”) outro muito utilizado é o sistema Linux que é uma variante de um sistema operativo muito famoso, criado na década de 70 e chamado UNIX. Actualmente existem muitos UNIXs. Os grandes fabricantes de computadores também têm sistemas operativos específicos para os seus computadores e existem também muitos sistemas operativos para aplicações e tipos de computadores específicos. O nosso esquema por níveis fica então:
Programas              (processadores de texto, jogos, folha de cálculo, etc.)
Sistema Operativo (MS-Windows, Linux, etc.)
Computador (a caixa (e o que está dentro!) )
É importante notar que a ligação entre um programa e um sistema operativo é muito forte. Tal significa que um programa corre, verdadeiramente, sobre um sistema operativo e não sobre um computador. Ou seja, se mudarmos o sistema operativo que está instalado no computador, o programa já não funcionará. Poderá vir a funcionar se for criado novamente para esse outro sistema operativo. Existem alguns programas que correm em sistemas operativos diferentes sem terem que ser modificados, mas são ainda a excepção e não a regra. Tal deve-se à dificuldade de adaptar o programa a vários sistemas operativos diferentes. Algo semelhante sucede entre os sistemas operativos e o tipo de computadores. Cada sistema operativo só corre num determinado tipo de computador. Esta é a regra e, mais uma vez, existem excepções.

2. Fazer programas de computador

O que nos interessa, nesta disciplina, é aprender a fazer novos programas. Para se fazerem programas utiliza-se, regra geral, um conjunto de outros programas (!) já feitos, nomeadamente, um editor de texto, um interpretador (ou executor) ou, em alternativa ao interpretador, um compilador e um ligador. Felizmente estes vários programas já se podem utilizar (em muitos casos) de forma integrada, ou seja, estão todos juntos num mesmo programa a que se chama IDE. IDE é um acrónimo em inglês que significa Integrated Development Environment. Em português, "ambiente de desenvolvimento integrado". "Ambiente" e "Desenvolvimento" são nomes mais pomposos utilizados para significar programa e "programação de computadores" respectivamente. Assim sendo, o IDE é um programa para fazer outros programas.

3. Como iremos fazer os programas

Para fazer os programas iremos utilizar o IDE referido. Iremos também utilizar uma linguagem de programação. Uma linguagem de programação é, tal como outra linguagem (como o português, o inglês, etc.), uma forma de comunicar. No caso da linguagem de programação pretende-se comunicar com o computador. Na verdade comunicar ao computador. Infelizmente é demasiado complicado traduzir uma linguagem natural (português, inglês, etc.) para a linguagem que o computador percebe. Por essa razão houve necessidade de criar linguagens mais legíveis que a linguagem do computador (que é apenas uma sequência de zeros e uns) mas que se consigam traduzir para essa mesma linguagem. Dessa forma surgiram as chamadas linguagens de programação. As mais utilizadas são as pertencentes à família das chamadas linguagens de programação imperativas. A razão prende-se com o facto de maior parte das pessoas parecer ter mais facilidade em programar neste tipo de linguagens e também por estas linguagens possibilitarem uma boa tradução para a linguagem do computador o que se traduz em programas rápidos. As chamadas linguagens imperativas incluem, por exemplo, as linguagens de programação: PASCAL, BASIC, FORTRAN, C, C++, Java, ADA e muitas outras mais. O tipo de programação que iremos aprender é facilmente traduzível para qualquer uma destas linguagens. Como tal a questão da linguagem é claramente secundária relativamente à especificação do programa que se pretende implementar. O que se pretende é dizer ao computador como é que ele deve resolver um problema. Como disse há já algum tempo um Senhor importante chamado Michael Jackson: o que queremos é passar do mundo real para o mundo da máquina e essa é, porventura, a melhor definição de programação.

    Última revisão em 2005/12/07
    João Paulo Barros